E-investidor – Faraó dos Bitcoins: quais lições o investidor pode tirar do caso?

E-investidor – Faraó dos Bitcoins: quais lições o investidor pode tirar do caso?

Antes de confiar o seu dinheiro na mão de outras pessoas é importante ter alguns pontos em mente

Você provavelmente já ouviu falar do ‘Faraó dos Bitcoins’. É assim que Glaidson Acácio dos Santos ficou conhecido após liderar um esquema de pirâmide disfarçado de investimento em criptoativos que envolveu mais de 8 mil pessoas e deixou mais de R$ 9,3 bilhões de prejuízo.

Na terça-feira (29), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou o Faraó a pagar de R$ 34 milhões por realização de oferta de valores mobiliários sem a obtenção do registro e sem a dispensa. Além disso, Santos foi proibido de voltar a atuar no mercado de valores mobiliários por, pelo menos, 102 meses (ou 8 anos e meio).

A promessa de altos rendimentos de forma rápida e sem grandes esforços, como nesse caso, atrai muitos investidores que acabam se tornando mais vítimas do esquema. Por isso, o E-Investidor conversou com especialistas sobre o assunto que dão algumas dicas podem ajudar a escapar de roubadas. Confira:

1. Não existe almoço grátis

As pessoas acreditam, muitas vezes, no que elas gostariam que fosse verdade. Ma, esse comportamento pode levar a grandes prejuízos no mercado financeiro. Segundo Raphael Palone, Planejador Financeiro CFP pela Planejar, a promessa de rendimentos muito acima dos do mercado é uma característica clássica de golpes financeiros para atrair vítimas e deve ser vista como um sinal de alerta.

“No caso do Faraó, ele prometia remuneração de 10% ao mês. Como isso é exponencial, quer dizer que ao final do ano você não teria 120%, mas 313%. Esse valor é extremamente alto e está bem acima, por exemplo, do crescimento do bitcoin, que foi de 34%, no último ano”.

2. Não há retorno garantido

Outra característica recorrente em esquemas de pirâmide financeira é a promessa de um retorno certo. Segundo Henrique Lisboa, sócio da área de Mercado Financeiro e de Capitais do VBSO Advogados, quando isso é prometido, muito provavelmente é golpe. “Podemos sim ter retornos expressivos, mas sempre há riscos no mercado de capitais. Por isso, se há promessas de valores certos, desconfie”.

Tasso Lago, especialista em criptomoedas e fundador da Financial Move, segue a mesma linha de raciocínio. “Investimentos flutuam para cima e para baixo. Não existe garantia em investimentos de renda variável – mesmo que isso esteja no contrato, é falso”.

3. Vá além das redes sociais

Sabe aquela série policial que você adora? Vale a pena você encarnar o papel do detetive e investigar com profundidade antes de confiar o seu dinheiro na mão de outras pessoas.

Segundo Henrique Lisboa, sustentar a sua pesquisa apenas com base nas redes sociais não é seguro. “Busque informações públicas sobre a empresa. Qual o CNPJ? Onde fica a sede, no Brasil ou no exterior? Ela tem registro na CVM? Quem são os donos? Eles tem experiência e certificados no mercado financeiro?”.

Esse cuidado extra tem se tornado cada vez mais relevante. “Os esquema de pirâmides financeiras estão cada vez mais sofisticados”, alerta a advogada Saula Isabela Jorge Diniz, especialista em direito digital.

4. Educação financeira é libertadora

Não há ferramenta mais eficaz para se proteger das ciladas no universo financeiro do que a educação. Mesmo que seja o básico, é importante entender para onde está indo o seu dinheiro e como ele será usado. “Assim, será possível analisar se o que está sendo prometido de fato tem algum respaldo ou não”, pontua Raphael Palone.

5. Quer que você chame outras pessoas? Desconfie

Apesar de usarem meios legítimos como as criptomoedas, o que sustenta (por tempo limitado) os esquemas de pirâmide é o capital trazido a partir da entrada de pessoas novas, o que deve ser visto com extrema desconfiança. “Nas pirâmides, não há de fato geração de valor, além da distribuição das camadas de cima das pirâmides os recursos que estão sendo adicionados pelas camadas de baixo e quem entrar por último vai ser prejudicado”, diz Lisboa.

 

Notícia publicado originalmente na plataforma do E-Investidor, em 1º de setembro. Clique aqui para acessar.