Diversificação de carteiras: Sukuks, os instrumentos de investimento islâmicos

Diversificação de carteiras: Sukuks, os instrumentos de investimento islâmicos

O Islamismo é a segunda maior religião no mundo, e a que mais cresce atualmente. Suas regras, conhecidas pelo termo “Charia’a”, estendem-se por diversos temas da convivência humana, incluindo o campo econômico.

O Corão, manuscrito fundamental da religião islâmica, define em seu segundo capítulo que a cobrança de juros é vedada aos crentes. Porém, o comércio e o investimento são incentivados como forma do muçulmano, praticante da religião islâmica, atingir benefícios materiais e espirituais.

Nesse contexto, os países que adotam a Charia’a como norma jurídica vinculante, como aqueles integrantes da Liga Árabe, viram a necessidade de adotar instrumentos de investimento alternativos. Isto facilitou que tais localidades fossem inseridas na economia financeira global, e que desenvolvessem sistemas bancários e mercados de capitais compatíveis com a religião islâmica.

Os instrumentos de investimento islâmico são conhecidos internacionalmente pelo termo “Sukuk”, os quais vem tomando bastante espaço na economia global. É cada vez mais comum ver investimentos baseados em Sukuks tendo participantes não muçulmanos, dado ao elevado retorno que tais instrumentos proporcionam.

Os Sukuks são tratados como semelhantes aos chamados “Bonds”, comuns nos mercados de capitais ocidentais. Ambos representam espécies de títulos de dívida emitidos por companhias para angariar fundos. Porém, apresentam diferenças significativas entre si.

A diferença fundamental está na estruturação do título. Os Bonds são títulos de dívida emitidos por determinada companhia aos investidores, que recebem uma taxa de juros fixa em troca das quantias cedidas. Em torno de sua estrutura, há uma obrigação do emissor de repassar juros sobre o capital investido.

Nos Sukuks, por estarem de acordo com a Charia’a em que há proibição da cobrança de juros sobre capital, possuem estrutura bastante diferente. O investidor, ao adquirir um certificado Sukuk, passa a ser proprietário de uma parte dos ativos do emissor, sendo remunerado com base no lucro gerado por tais ativos.

Assim, por serem remunerados através dos lucros, os investidores de Sukuks estão sujeitos ao risco da atividade, o que faz com que estejam de acordo com a Charia’a. Isso resulta em uma remuneração não fixa, apesar de serem títulos de dívida.

A bolsa de valores da Arábia Saudita, a Saudi Exchange, apresenta um informativo a respeito dos Sukuks[1], contendo explicações sobre essa modalidade de investimento, além de informações sobre as formas de comercialização.

A equipe VBSO está disponível para esclarecer quaisquer dúvidas a respeito do tema.

[1] https://www.saudiexchange.sa/wps/portal/tadawul/knowledge-center/about/sukuk-and-bonds?locale=en